Previsões para 2025

Último dia do ano, momento para tirar o pó da bola de cristal, para fazer reflexões, previsões e desejos para o próximo ano e seguintes. 

Ano após ano, o Bitcoin evoluiu, foi ultrapassando etapas, tornou-se cada vez mais mainstream. Está cada vez mais difícil fazer previsões sobre o Bitcoin, já faltam poucas barreiras a serem ultrapassadas e as que faltam são altamente complexas ou tem um impacto profundo no sistema financeiro ou na sociedade. Estas alterações profundas tem que ser realizadas lentamente, porque uma alteração rápida poderia resultar em consequências terríveis, poderia provocar um retrocesso.

Código do Bitcoin

No final de 2025, possivelmente vamos ter um fork, as discussões sobre os covenants já estão avançadas, vão acelerar ainda mais. Já existe um consenso relativamente alto, a favor dos covenants, só falta decidir que modelo será escolhido. Penso que até ao final do ano será tudo decidido.

Depois dos covenants, o próximo foco será para a criptografia post-quantum, que será o maior desafio que o Bitcoin enfrenta. Criar uma criptografia segura e que não coloque a descentralização em causa.

Espero muito de Ark, possivelmente a inovação do ano, gostaria de ver o Nostr a furar a bolha bitcoinheira e que o Cashu tivesse mais reconhecimento pelos bitcoiners.

Espero que surjam avanços significativos no BitVM2 e BitVMX.

Não sei o que esperar das layer 2 de Bitcoin, foram a maior desilusão de 2024. Surgiram com muita força, mas pouca coisa saiu do papel, foi uma mão cheia de nada. Uma parte dos projetos caiu na tentação da shitcoinagem, na criação de tokens, que tem um único objetivo, enriquecer os devs e os VCs. 

Se querem ser levados a sério, têm que ser sérios. 

“À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”

Se querem ter o apoio dos bitcoiners, sigam o ethos do Bitcoin.

Neste ponto a atitude do pessoal da Ark é exemplar, em vez de andar a chorar no Twitter para mudar o código do Bitcoin, eles colocaram as mãos na massa e criaram o protocolo. É claro que agora está meio “coxo”, funciona com uma multisig ou com os covenants na Liquid. Mas eles estão a criar um produto, vão demonstrar ao mercado que o produto é bom e útil. Com a adoção, a comunidade vai perceber que o Ark necessita dos covenants para melhorar a interoperabilidade  e a soberania.

É este o pensamento certo, que deveria ser seguido pelos restantes e futuros projetos. É seguir aquele pensamento do J.F. Kennedy: 

“Não perguntem o que é que o vosso país pode fazer por vocês, perguntem o que é que vocês podem fazer pelo vosso país”

Ou seja, não fiquem à espera que o bitcoin mude, criem primeiro as inovações/tecnologia, ganhem adoção e depois demonstrem que a alteração do código camada base pode melhorar ainda mais o vosso projeto. A necessidade é que vai levar a atualização do código.

Reservas Estratégicas de Bitcoin

Bancos centrais

Com a eleição de Trump, emergiu a ideia de uma Reserva Estratégia de Bitcoin, tornou este conceito mainstream. Foi um pivot, a partir desse momento, foram enumerados os políticos de todo o mundo a falar sobre o assunto.

A Senadora Cynthia Lummis foi mais além e propôs um programa para adicionar 200 mil bitcoins à reserva ao ano, até 1 milhão de Bitcoin. Só que isto está a criar uma enorme expectativa na comunidade, só que pode resultar numa enorme desilusão. Porque no primeiro ano, o Trump em vez de comprar os 200 mil, pode apenas adicionar na reserva, os 198 mil que o Estado já tem em sua posse. Se isto acontecer, possivelmente vai resultar numa forte queda a curto prazo. Na minha opinião os bancos centrais deveriam seguir o exemplo de El Salvador, fazer um DCA diário.

Mais que comprar bitcoin, para mim, o mais importante é a criação da Reserva, é colocar o Bitcoin ao mesmo nível do ouro, o impacto para o resto do mundo será tremendo, a teoria dos jogos na sua plenitude. Muitos outros bancos centrais vão ter que comprar, para não ficarem atrás, além disso, vai transmitir uma mensagem à generalidade da população, que o Bitcoin é “afinal é algo seguro,  com valor”.

Mas não foi Trump que iniciou esta teoria dos jogos, mas sim foi a primeira vítima dela. É o próprio Trump que o admite, que os EUA necessitam da reserva para não ficar atrás da China. Além disso, desde que os EUA utilizaram o dólar como uma arma, com sanção contra a Rússia, surgiram boatos de que a Rússia estaria a utilizar o Bitcoin para transações internacionais. Que foram confirmados recentemente, pelo próprio governo russo. Também há poucos dias, ainda antes deste reconhecimento público, Putin elogiou o Bitcoin, ao reconhecer que “Ninguém pode proibir o bitcoin”, defendendo como uma alternativa ao dólar. A narrativa está a mudar.

Já existem alguns países com Bitcoin,  mas apenas dois o fizeram conscientemente (El Salvador e Butão), os restantes têm devido a apreensões. Hoje são poucos, mas 2025 será o início de uma corrida pelos bancos centrais. Esta corrida era algo previsível, o que eu não esperava é que acontecesse tão rápido.

Empresas

A criação de reservas estratégicas não vai ficar apenas pelos bancos centrais, também vai acelerar fortemente nas empresas em 2025.

Mas as empresas não vão seguir a estratégia do Saylor, vão comprar bitcoin sem alavancagem, utilizando apenas os tesouros das empresas, como uma proteção contra a inflação. Eu não sou grande admirador do Saylor, prefiro muito mais, uma estratégia conservadora, sem qualquer alavancagem. Penso que as empresas vão seguir a sugestão da BlackRock, que aconselha um alocações de 1% a 3%.

Penso que 2025, ainda não será o ano da entrada das 6 magníficas (excepto Tesla), será sobretudo empresas de pequena e média dimensão. As magníficas ainda tem uma cota muito elevada de shareholders com alguma idade, bastante conservadores, que têm dificuldade em compreender o Bitcoin, foi o que aconteceu recentemente com a Microsoft.

Também ainda não será em 2025, talvez 2026, a inclusão nativamente de wallet Bitcoin nos sistema da Apple Pay e da Google Pay. Seria um passo gigante para a adoção a nível mundial.

ETFs

Os ETFs para mim são uma incógnita, tenho demasiadas dúvidas, como será 2025. Este ano os inflows foram superiores a 500 mil bitcoins, o IBIT foi o lançamento de ETF mais bem sucedido da história. O sucesso dos ETFs, deve-se a 2 situações que nunca mais se vão repetir. O mercado esteve 10 anos à espera pela aprovação dos ETFs, a procura estava reprimida, isso foi bem notório nos primeiros meses, os inflows foram brutais.

Também se beneficiou por ser um mercado novo, não existia orderbook de vendas, não existia um mercado interno, praticamente era só inflows. Agora o mercado já estabilizou, a maioria das transações já são entre clientes dos próprios ETFs. Agora só uma pequena percentagem do volume das transações diárias vai resultar em inflows ou outflows.

Estes dois fenómenos nunca mais se vão repetir, eu não acredito que o número de inflows em BTC supere os número de 2024, em dólares vai superar, mas em btc não acredito que vá superar.

Mas em 2025 vão surgir uma infindável quantidade de novos produtos, derivativos, novos ETFs de cestos com outras criptos ou cestos com ativos tradicionais. O bitcoin será adicionado em produtos financeiros já existentes no mercado, as pessoas vão passar a deter bitcoin, sem o saberem.

Com o fim da operação ChokePoint 2.0, vai surgir uma nova onda de adoção e de produtos financeiros. Possivelmente vamos ver bancos tradicionais a disponibilizar produtos ou serviços de custódia aos seus clientes.

Eu adoraria ver o crescimento da adoção do bitcoin como moeda, só que a regulamentação não vai ajudar nesse processo.

Preço

Eu acredito que o topo deste ciclo será alcançado no primeiro semestre, posteriormente haverá uma correção. Mas desta vez, eu acredito que a correção será muito menor que as anteriores, inferior a 50%, esta é a minha expectativa. Espero estar certo.

Stablecoins de dólar

Agora saindo um pouco do universo do Bitcoin, acho importante destacar as stablecoins

No último ciclo, eu tenho dividido o tempo, entre continuar a estudar o Bitcoin e estudar o sistema financeiro, as suas dinâmicas e o comportamento humano. Isto tem sido o meu foco de reflexão, imaginar a transformação que o mundo vai sofrer devido ao padrão Bitcoin. É uma ilusão acreditar que a transição de um padrão FIAT para um padrão Bitcoin vai ser rápida, vai existir um processo transitório que pode demorar décadas.

Com a re-entrada de Trump na Casa Branca, prometendo uma política altamente protecionista, vai provocar uma forte valorização do dólar, consequentemente as restantes moedas do mundo vão derreter. Provocando uma inflação generalizada, gerando uma corrida às stablecoins de dólar nos países com moedas mais fracas. Trump vai ter uma política altamente expansionista, vai exportar dólares para todo o mundo, para financiar a sua própria dívida. A desigualdade entre os pobres e ricos irá crescer fortemente, aumentando a possibilidade de conflitos e revoltas. 

“Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”

Será mais lenha, para alimentar a fogueira, vai gravar os conflitos geopolíticos já existentes, ficando as sociedade ainda mais polarizadas. 

Eu acredito que 2025, vai haver um forte crescimento na adoção das stablecoins de dólares, esse forte crescimento vai agravar o problema sistémico que são as stablecoins. Vai ser o início do fim das stablecoins, pelo menos, como nós conhecemos hoje em dia.

Problema sistémico

O sistema FIAT não nasceu de um dia para outro, foi algo que foi construído organicamente, ou seja, foi evoluindo ao longo dos anos, sempre que havia um problema/crise, eram criadas novas regras ou novas instituições para minimizar os problemas. Nestes quase 100 anos, desde os acordos de Bretton Woods, a evolução foram tantas, tornaram o sistema financeiro altamente complexo, burocrático e nada eficiente. 

Na prática é um castelo de cartas construído sobre outro castelo de cartas e que por sua vez, foi construído sobre outro castelo de cartas.

As stablecoins são um problema sistémico, devido às suas reservas em dólares e o sistema financeiro não está preparado para manter isso seguro. Com o crescimento das reservas ao longo dos anos, foi se agravando o problema.

No início a Tether colocava as reservas em bancos comerciais, mas com o crescimento dos dólares sob gestão, criou um problema nos bancos comerciais,  devido à reserva fracionária. Essas enormes reservas da Tether estavam a colocar em risco a própria estabilidade dos bancos.

A Tether acabou por mudar de estratégia, optou por outros ativos, preferencialmente por títulos do tesouro/obrigações dos EUA. Só que a Tether continua a crescer e não dá sinais de abrandamento, pelo contrário. 

Até o próprio mundo cripto, menosprezava a gravidade do problema da Tether/stablecoins para o resto do sistema financeiro, porque o marketcap do cripto ainda é muito pequeno. É verdade que ainda é pequeno, mas a Tether não o é, está no top 20 dos maiores detentores de títulos do tesouros dos EUA e está ao nível dos maiores bancos centrais do mundo. Devido ao seu tamanho, está a preocupar os responsáveis/autoridades/reguladores dos EUA, pode colocar em causa a estabilidade do sistema financeiro global, que está assente nessas obrigações.

Os títulos do tesouro dos EUA são o colateral mais utilizado no mundo, tanto por bancos centrais, como por empresas, é a charneira da estabilidade do sistema financeiro. Os títulos do tesouro são um assunto muito sensível. Na recente crise no Japão, do carry trade, o Banco Central do Japão tentou minimizar a desvalorização do iene através da venda de títulos dos EUA. Esta operação, obrigou a uma viagem de emergência, da Secretaria do Tesouro dos EUA, Janet Yellen ao Japão, onde disponibilizou liquidez para parar a venda de títulos por parte do Banco Central do Japão. Essa forte venda estava desestabilizando o mercado.

Os principais detentores de títulos do tesouros são institucionais, bancos centrais, bancos comerciais, fundo de investimento e gestoras, tudo administrado por gestores altamente qualificados, racionais e que conhecem a complexidade do mercado de obrigações. 

O mundo cripto é seu oposto, é naife com muita irracionalidade e uma forte pitada de loucura, na sua maioria nem faz a mínima ideia como funciona o sistema financeiro. Essa irracionalidade pode levar a uma “corrida bancária”, como aconteceu com o UST da Luna, que em poucas horas colapsou o projeto. Em termos de escala, a Luna ainda era muito pequena, por isso, o problema ficou circunscrito ao mundo cripto e a empresas ligadas diretamente ao cripto.

Só que a Tether é muito diferente, caso exista algum FUD, que obrigue a Tether a desfazer-se de vários biliões ou dezenas de biliões de dólares em títulos num curto espaço de tempo, poderia provocar consequências terríveis em todo o sistema financeiro. A Tether é grande demais, é já um problema sistémico, que vai agravar-se com o crescimento em 2025.

Não tenham dúvidas, se existir algum problema, o Tesouro dos EUA vai impedir a venda dos títulos que a Tether tem em sua posse, para salvar o sistema financeiro. O problema é, o que vai fazer a Tether, se ficar sem acesso às venda das reservas, como fará o redeem dos dólares?

Como o crescimento do Tether é inevitável, o Tesouro e o FED estão com um grande problema em mãos, o que fazer com o Tether?

Mas o problema é que o atual sistema financeiro é como um curto cobertor: Quanto tapas a cabeça, destapas os pés; Ou quando tapas os pés, destapas a cabeça. Ou seja, para resolver o problema da guarda reservas da Tether, vai criar novos problemas, em outros locais do sistema financeiro e assim sucessivamente.

Conta mestre

Uma possível solução seria dar uma conta mestre à Tether, dando o acesso direto a uma conta no FED, semelhante à que todos os bancos comerciais têm. Com isto, a Tether deixaria de necessitar os títulos do tesouro, depositando o dinheiro diretamente no banco central. Só que isto iria criar dois novos problemas, com o Custodia Bank e com o restante sistema bancário.

O Custodia Bank luta há vários anos contra o FED, nos tribunais pelo direito a ter licença bancária para um banco com full-reserves. O FED recusou sempre esse direito, com a justificativa que esse banco, colocaria em risco toda a estabilidade do sistema bancário existente, ou seja, todos os outros bancos poderiam colapsar. Perante a existência em simultâneo de bancos com reserva fracionária e com full-reserves, as pessoas e empresas iriam optar pelo mais seguro. Isso iria provocar uma corrida bancária, levando ao colapso de todos os bancos com reserva fracionária, porque no Custodia Bank, os fundos dos clientes estão 100% garantidos, para qualquer valor. Deixaria de ser necessário limites de fundos de Garantia de Depósitos.

Eu concordo com o FED nesse ponto, que os bancos com full-reserves são uma ameaça a existência dos restantes bancos. O que eu discordo do FED, é a origem do problema, o problema não está nos bancos full-reserves, mas sim nos que têm reserva fracionária.

O FED ao conceder uma conta mestre ao Tether, abre um precedente, o Custodia Bank irá o aproveitar, reclamando pela igualdade de direitos nos tribunais e desta vez, possivelmente ganhará a sua licença.

Ainda há um segundo problema, com os restantes bancos comerciais. A Tether passaria a ter direitos similares aos bancos comerciais, mas os deveres seriam muito diferentes. Isto levaria os bancos comerciais aos tribunais para exigir igualdade de tratamento, é uma concorrência desleal. Isto é o bom dos tribunais dos EUA, são independentes e funcionam, mesmo contra o estado. Os bancos comerciais têm custos exorbitantes devido às políticas de compliance, como o KYC e AML. Como o governo não vai querer aliviar as regras, logo seria a Tether, a ser obrigada a fazer o compliance dos seus clientes.

A obrigação do KYC para ter stablecoins iriam provocar um terramoto no mundo cripto.

Assim, é pouco provável que seja a solução para a Tether.

FED

Só resta uma hipótese, ser o próprio FED a controlar e a gerir diretamente as stablecoins de dólar, nacionalizado ou absorvendo as existentes. Seria uma espécie de CBDC. Isto iria provocar um novo problema, um problema diplomático, porque as stablecoins estão a colocar em causa a soberania monetária dos outros países. Atualmente as stablecoins estão um pouco protegidas porque vivem num limbo jurídico, mas a partir do momento que estas são controladas pelo governo americano, tudo muda. Os países vão exigir às autoridades americanas medidas que limitem o uso nos seus respectivos países.

Não existe uma solução boa, o sistema FIAT é um castelo de cartas, qualquer carta que se mova, vai provocar um desmoronamento noutro local. As autoridades não poderão adiar mais o problema, terão que o resolver de vez, senão, qualquer dia será tarde demais. Se houver algum problema, vão colocar a responsabilidade no cripto e no Bitcoin. Mas a verdade, a culpa é inteiramente dos políticos, da sua incompetência em resolver os problemas a tempo.

Será algo para acompanhar futuramente, mas só para 2026, talvez…

É curioso, há uns anos pensava-se que o Bitcoin seria a maior ameaça ao sistema ao FIAT, mas afinal, a maior ameaça aos sistema FIAT é o próprio FIAT(stablecoins). A ironia do destino.

Isto é como uma corrida, o Bitcoin é aquele atleta que corre ao seu ritmo, umas vezes mais rápido, outras vezes mais lento, mas nunca pára. O FIAT é o atleta que dá tudo desde da partida, corre sempre em velocidade máxima. Só que a vida e o sistema financeiro não é uma prova de 100 metros, mas sim uma maratona.

Europa

2025 será um ano desafiante para todos europeus, sobretudo devido à entrada em vigor da regulamentação (MiCA). Vão começar a sentir na pele a regulamentação, vão agravar-se os problemas com os compliance, problemas para comprovar a origem de fundos e outras burocracias. Vai ser lindo.

O Travel Route passa a ser obrigatório, os europeus serão obrigados a fazer o KYC nas transações. A Travel  Route é uma suposta lei para criar mais transparência, mas prática, é uma lei de controle, de monitorização e para limitar as liberdades individuais dos cidadãos.

O MiCA também está a colocar problemas nas stablecoins de Euro, a Tether para já preferiu ficar de fora da europa. O mais ridículo é que as novas regras obrigam os emissores a colocar 30% das reservas em bancos comerciais. Os burocratas europeus não compreendem que isto coloca em risco a estabilidade e a solvência dos próprios bancos, ficam propensos a corridas bancárias.

O MiCA vai obrigar a todas as exchanges a estar registadas em solo europeu, ficando vulnerável ao temperamento dos burocratas. Ainda não vai ser em 2025, mas a UE vai impor políticas de controle de capitais, é inevitável, as exchanges serão obrigadas a usar em exclusividade stablecoins de euro, as restantes stablecoins serão deslistadas.

Todas estas novas regras do MiCA, são extremamente restritas, não é para garantir mais segurança aos cidadãos europeus, mas sim para garantir mais controle sobre a população. A UE está cada vez mais perto da autocracia, do que da democracia. A minha única esperança no horizonte, é que o sucesso das políticas cripto nos EUA, vai obrigar a UE a recuar e a aligeirar as regras, a teoria dos jogos é implacável. Mas esse recuo, nunca acontecerá em 2025, vai ser um longo período conturbado.

Recessão

Os mercados estão todos em máximos históricos, isto não é sustentável por muito tempo, suspeito que no final de 2025 vai acontecer alguma correção nos mercados. A queda só não será maior, porque os bancos centrais vão imprimir dinheiro, muito dinheiro, como se não houvesse amanhã. Vão voltar a resolver os problemas com a injeção de liquidez na economia, é empurrar os  problemas com a barriga, em de os resolver. Outra vez o efeito Cantillon.

Será um ano muito desafiante a nível político, onde o papel dos políticos será fundamental. A crise política na França e na Alemanha, coloca a UE órfã, sem um comandante ao leme do navio. 2025 estará condicionado pelas eleições na Alemanha, sobretudo no resultado do AfD, que podem colocar em causa a propriedade UE e o euro.

Possivelmente, só o fim da guerra poderia minimizar a crise, algo que é muito pouco provável acontecer.

Em Portugal, a economia parece que está mais ou menos equilibrada, mas começam a aparecer alguns sinais preocupantes. Os jogos de sorte e azar estão em máximos históricos, batendo o recorde de 2014, época da grande crise, não é um bom sinal, possivelmente já existe algum desespero no ar.

A Alemanha é o motor da Europa, quanto espirra, Portugal constipa-se. Além do problema da Alemanha, a Espanha também está à beira de uma crise, são os países que mais influenciam a economia portuguesa.

Se existir uma recessão mundial, terá um forte impacto no turismo, que é hoje em dia o principal motor de Portugal.

Brasil

Brasil é algo para acompanhar em 2025, sobretudo a nível macro e a nível político. Existe uma possibilidade de uma profunda crise no Brasil, sobretudo na sua moeda. O banco central já anda a queimar as reservas para minimizar a desvalorização do Real.

Sem mudanças profundas nas políticas fiscais, as reservas vão se esgotar. As políticas de controle de capitais são um cenário plausível, será interesse de acompanhar, como o governo irá proceder perante a existência do Bitcoin e stablecoins. No Brasil existe um forte adoção, será um bom case study, certamente irá repetir-se em outros países num futuro próximo.

Os próximos tempos não serão fáceis para os brasileiros, especialmente para os que não têm Bitcoin.

Blockchain

Em 2025, possivelmente vamos ver os primeiros passos da BlackRock para criar a primeira bolsa de valores, exclusivamente em blockchain. Eu acredito que a BlackRock vai criar uma própria blockchain, toda controlada por si, onde estarão os RWAs, para fazer concorrência às tradicionais bolsas de valores. Será algo interessante de acompanhar.

Estas são as minhas previsões, eu escrevi isto muito em cima do joelho, certamente esqueci-me de algumas coisas, se for importante acrescentarei nos comentários. A maioria das previsões só acontecerá após 2025, mas fica aqui a minha opinião.

Isto é apenas a minha opinião, Don’t Trust, Verify!