Mais um artigo post-it, com várias reflexões: Sistema monetário, descentralização, tamanho do bloco, mineração, o futuro e nfts. Apesar de eu saber que ninguém o lê, gosto de os escrever para poder reler mais tarde, para acompanhar a evolução do meu pensamento.
Aviso: Todo o conteúdo é apenas a minha opinião, não representa qualquer tipo de aconselhamento financeiro.
Sistema Monetário
O actual sistema monetário está terlintante, estamos muito à beira de uma enorme crise, mas desta vez o Lehman Brother poderá ser o Credit Suisse, só em 2022 já caiu mais de 50%, apesar de ter recuperado um pouco nos últimos dias.
Não é só a Credit Suisse que está com problemas, são vários e a maior parte estão relacionadas com o atual sistema financeiro, desde bancos centrais, bancos, seguradoras, sistema de pagamentos, dívida soberana, taxas de juros.
Se acontecer o colapso do Credit Suisse, será simbólico, a Suíça é o centro/cérebro deste atual sistema financeiro, baseado na dívida. Se o Credit Suisse cair, levará muitos consigo.
Taxa de juros da dívida soberana:
A taxa de juros da dívida soberana dos PIGS está quase em máximo de 5 anos, ainda está longe de 2012, mas caminha para lá. Desta vez o “i” do PIGS, será da Itália, mas se existir crise, em 2023 será muito mais grave, porque a Itália é a 3ª maior economia da UE.
Itália já está nos 4.7% é muito alto e a sua dívida soberana ultrapassa os 150% do PIB. Não esquecer que Portugal pediu “ajuda” ao FMI após ultrapassar os 7%, Itália está já próxima desse valor referência.
Na crise de 2012, o BCE resolveu o problema com a impressão dinheiro, será que fará o mesmo?
A Alemanha está a ser o principal financiador, quanto tempo mais aguentará?
Uma coisa é certa, em setembro, o BCE voltou a imprimir mais dinheiro.
Moeda:
O dólar está a destruir as restantes moedas, só este ano, o Euro caiu 15% e a Libra caiu 19%. Algumas moedas estão em mínimos históricos.
Inflação:
A maior parte dos países estão com inflação muito alta.
Inglaterra:
O Banco de Inglaterra foi obrigado a comprar dívida para evitar, o colapso de fundos de pensões.
Conflitos armados:
A Guerra da Ucrânia-Rússia, mas tensão está a alastrar, à Arménia-Azerbaijão e Quirguistão-Tajiquistão. Ainda temos as tensões “recorrentes” que estão em alta, Israel-Palestina, China-Taiwain, Coreias. O mundo parece uma panela de pressão, ou liberta ou explode.
Energia:
A profunda crise de energia, sobretudo do gás, que começou na Europa, está a alastrar ao mundo. A Europa, em especial a Alemanha, está a comprar todo o gás natural disponível a preços exorbitantes, tornando impossível os países mais pobres ter acesso a esse produto.
Bolsas:
Short-Selling em Portugal:
Portugal nos últimos meses, várias empresas têm sido alvo de short-selling.
Os problemas são imensos e estão em todo o lado, estão a vir à tona. Este sistema monetário está à beira do colapso, até poderá não colapsar, mas uma enorme crise será inevitável.
(Des)Centralização
Já passou quase 1 mês após o fim do PoW no Ethereum, o tempo veio dar razão aos defensores do bitcoin. Como eu previa, o Ethereum está cada vez mais centralizado.
O PoS centraliza os projectos, actualmente 3 entidades controlam mais de 50% do staking. Dos quais, 2 são exchanges que são extremamente limitadas/obedientes aos governos. Até os mais ferrenhos defensores do Ethereum, não estavam à espera, mas reconhecem que o projecto está a centralizar-se.
Depois os validadores estão alojados em datacenters, em especial no AWS (Amazon) que estão condicionados aos governos. Está tão centralizada, a maior parte dos validadores estão em servidores nos EUA, que o SEC quer colocar o Ethereum sobre jurisdição dos EUA e considerá-la uma securities.
Mais uma “facada” na descentralização, foi a censura e bloqueio de endereços relacionados pelo TornadoCash, ordenado pelo governo dos EUA.
Mais uma facada, é a grande utilização de MEV-boost por validadores.
Isto tudo demonstra que o Ethereum é uma apenas uma simples utility; o Bitcoin tem objecto de ser uma moeda ou então ir mais além, ser um novo sistema monetária.
Tamanho do bloco
Para aqueles que não percebem a relutância, dos defensores do bitcoin, de não quererem o aumento do tamanho do bloco, vejam as consequências.
Este gráfico é do BSV(é uma cópia do Bitcoin), a evolução do tamanho da blockchain após o aumento do bloco é assustador. É uma blockchain com poucos utilizadores, mesmo assim, em pouco mais de um ano, passou de 400GB para 7TB. Não admira ser um projecto centralizado e já sofreu vários ataques de 51%.
Eu também sou contra o aumento do bloco, pelo menos a curto/médio prazo. Talvez daqui a uns anos seja necessário aumentar, no máximo para o dobro, nada mais que isso. Ainda estamos muito longe disso, até lá, a tecnologia vai evoluir muito e nunca podemos esquecer, que a prioridade é a descentralização.
Evolução no mundo cripto
O bitcoin foi criado em 2009, mas é o resultado de mais de 40 anos de desenvolvimento.
Este já é o meu terceiro inverno cripto, normalmente neste período apareciam novidades, novas blockchains, novas tecnologias. Mas desta vez está a ser um pouco diferente, talvez o mercado esteja a ficar mais maduro, em vez de aparecerem novos projectos, a evolução está a acontecer é já nos ecossistemas que já existem.
Eu acredito, que neste próximo ciclo, os programadores e investimentos vão concentrar-se nos melhores projetos, os restantes vão ficar para trás. Na área de smartcontract existem inúmeras blockchains, terá que existir uma limpeza no mercado, não será tão severa como o bitcoin fez nas áreas das moedas. No futuro eu acredito que vão destacar-se 3 ou 4 blockchain.
No caso da Bitcoin, a evolução está a acontecer sobretudo na Lightning Network, a layer 2, um sistema de pagamentos rápidos e baratos. Um artigo completíssimo sobre LN.
Fica aqui dois bons artigos sobre a sua adopção, em El Salvador e em Gibraltar.
O Taro não me convence, mas tenho muitas expectativas no Impervious. Apesar do Taro ter um alcance global, mas poderá trazer ainda mais regulamentação, os estados podem cair em cima da LN. Ao contrário, do Impervious, que é algo de nicho.
Revolução na mineração
O PoW (mineração de bitcoin) está no início da sua 3ª geração.
A 1ª geração foi iniciada pelo Satoshi, a mineração feita em casa, utilizando a eletricidade doméstica.
A 2ª geração é industrialização, em maior escala, realizada em datacenters, e com contratos de electricidade industriais, mais baratos que os domésticos. No início os datacenters eram mais pequenos e estavam dispersos globalmente, mas com o tempo, os datacenters são cada vez maiores e localizados em zonas muito específicas, locais onde existe abundância de energia e muito barata.
A 3ª geração é a mineração que não utiliza as redes públicas elétricas dos países ou utiliza energias ociosas, excessos de produção ou produção própria.
Nesta geração destaca-se 3 grupos:
- Empresas que criam a sua própria energia (renováveis) para minerar.
- Empresas que utilizam o metano para gerar energia. Onde se inclui o metano de flaring gas, aterros de resíduos, esgotos ou exploração animais.
- Excesso de produção, com o aumento da percentagem das renováveis nos mix enérgicos, provoca o aumento de electricidade não consumida, desperdiçada, que vai ser utilizada pelos mineradores.
Em cada evolução, a nova geração com o tempo acaba por dominar o mercado. Como a nova geração tem um preço de produção muito mais baixo, logo a margem de lucro é maior, possibilitando crescer muito mais. Ao provocar o aumento do hashrate, o custo de produção também aumenta, tornando a geração anterior cada vez menos lucrativa, até deixar de ser viável.
Deixo aqui um artigo completíssimo sobre mineração, recomendo a sua leitura.
A 3ª geração está ainda numa fase inicial, mas está a um bom ritmo, basta observar a hashrate, nos últimos tempos.
A hashrate do bitcoin está no sua máxima histórica, a hashrate de hoje está o dobro de novembro de 2021(quando o bitcoin atingiu 69000$). O preço do bitcoin caiu 3.5x, a dificuldade aumentou 2x e o mundo está numa crise energética.
Os custos da electricidade das rede eléctrica está altíssima, em muitos países (sobretudo na Europa), a mineração através das redes eléctricas públicas tornou-se quase inviável. A única razão para este forte crescimento, é a utilização de energia ociosa, electricidade muito mais barata que o preço existente nas redes públicas.
Nft e os royalties
Um dos principais objectos/feitos das blockchain é remover os intermediários e trazer justiça. Uma das “justiças” que os smartcontract trouxe como os NFTs, é os royalties para os artistas.
Só que agora, alguns marketplace não estão a cumprir os contrato, não estão a pagar os royalties aos criadores. Uma vergonha…