Num dia recebi/li estas duas notícias:
“Americanizar as coisas é comum, mas, neste caso, pode não ser o ideal. Pelos Estados Unidos da América (EUA), trabalhar com mais de 75 anos está a tornar-se tendência e nós, europeus, podemos estar a ver o caso mal parado…
Há cerca de dois anos, o Bureau of Labor Statistics dos EUA partilhou que o número de trabalhadores com 75 anos ou mais cresceu 53,7% entre 2010 e 2020, e deverá crescer 96,5% entre 2020 e 2030.” in pplware
Adorei especialmente as fotos que ilustram o artigo, a alegria do senhor que tem de trabalhar depois dos 75 anos para não morrer à fome ou para pagar os medicamentos.
Já na Europa:
“A idade média da reforma na União Europeia está estabelecida nos 65 anos, embora com números diferentes de país para país: a Dinamarca estabeleceu-se nos 67 anos, ao passo que em França encontra-se nos 63 anos e dois meses. Portugal tem como referência 66 anos e quatro meses.
Em causa, de acordo com o jornal espanhol ‘El País’, está a intenção em Espanha de estabelecer um sistema de incentivos e penalizações que vai fazer avançar a idade legal de reforma entre os 68 e 72 anos. No país vizinho, caso um trabalhador tenha contribuído durante mais de 37 anos e 9 meses, baixa a idade da reforma para os 65 anos. Até 2027, a idade legal vai chegar aos 67 anos e a exigência de contribuição aos 65 anos com 100% da pensão será de 38 anos e seis meses.
De acordo com dados do Centro Finlandês de Pensões, em vários países da Europa a idade da reforma é mais precoce nas mulheres do que nos homens: mas como as idades legais estão a ser adiadas, há uma tendência para igualá-las. Vários países já registaram a intenção de subir a idade da reforma perante a evolução da expectativa de vida, o que tende a adiar a reforma: Dinamarca, Países Baixos, Grécia, Itália, Portugal, Estónia, Finlândia, Chéquia, Chipre ou Suécia são alguns deles, referiu o jornal espanhol.” in executivedigest
Parece que anda aí um movimento para a normalização de trabalhar após os 70 anos, sou só eu a achar isso um absurdo. Eu não sou contra, as pessoas de idades avançadas trabalharem, pelo contrário, até acho importante terem uma ocupação, mas fazer algo que gostam, pelo mero prazer, um trabalho voluntário, ajudar a associação da comunidade, na paróquia, ter uma horta, pintar, fazer aquilo que sempre sonhou mas nunca teve tempo. É importante estarem activas fisicamente e psicologicamente.
Neste caso estamos a falar de trabalhar por necessidade, por mera subsistência, isto não é normal. Nós somos humanos, temos direito aos prazer da vida, viver apenas para trabalhar não é vida, ser um escravo do trabalho, não somos robôs.
Sistemas de pensão
Não interessa o sistema que utilizas, o problema está é na moeda, que não perversa o valor. É como guardar a água no balde com um furo, por mais que acumule, está constantemente a drenar.
O sistema individual, como nos EUA, onde cada pessoa individualmente faz a sua poupança para a velhice. A poupança é dissolvida pela inflação, ou então têm que investir em produtos financeiros de risco que muitas vezes são ruinosos e/ou que na maioria das vezes não têm rendimentos superiores à inflação.
O sistema colectivo/social, especialmente utilizado na europa, como os políticos gostam de dizer, é uma solidariedade intergeracional, onde todos os cidadão são obrigados a contribuir. Onde na base da pirâmide estão os trabalhadores do activo que pagam as pensões aos mais velhos, que estão no topo da pirâmide, ou seja um ponzi.
A ideia inicial: Como o dinheiro desvaloriza muito com a inflação, é inviável guardar o dinheiro para utilizar no futuro, assim criou-se um sistema em que as pessoas que estão a trabalhar pagam as pensões aos mais velhos. Ou seja, ao tentar resolver o problema original, da moeda fraca, criamos um outro problema, um ponzi.
Na teoria até poderia funcionar, no momento em que foi criado. Mas isto só funciona quando existem mais trabalhadores no ativo que pensionistas e os seus rendimentos (em média) têm que ser igual ou superiores aos dos pensionistas, ou seja, a base da pirâmide tem que ser muito maior que a parte superior.
Quando foi criado, o sistema cumpria estas premissas, só que agora começa a ter dificuldade em cumprir, é uma bomba relógio. Os jovens recebem cada vez menos, existe muita instabilidade laboral, a progressão laboral já não é tão contínua. Atualmente é normal os novos reformados terem 40 anos de contribuição, os jovens de agora, dificilmente terão 40 anos de contribuição aos 66 anos, devido aos estudos, à dificuldade em encontrar o primeiro emprego e à instabilidade do mundo laboral, já nem falo da praga dos recibos verdes.
E por fim, a população activa está a diminuir e devido ao aumento da esperança média de vida, existe um aumento de pensionistas. Hipoteticamente vamos chegar a um período em que existem mais pensionistas que trabalhadores no activo, é a inversão da pirâmide. Sim, eu disse hipoteticamente, porque esse momento nunca vai chegar porque o sistema actual vai colapsar antes disso. Deixa de ser uma pirâmide geracional e passa a ser quase um retângulo, as pensões acabam ou será um valor extremamente baixo.
Devido ao problema (2ª) dos sistemas de pensões e a necessidade de fazer uma poupança que não é possível fazer em dinheiro devido ao 1ª problema (moeda), as pessoas estão a comprar casas como uma poupança, originando um 3ª problema, o imobiliário. Isto gera bolhas imobiliárias, que torna a compra de casa pelos jovens muito difícil e quando a bolha rebenta destrói uma parte das poupanças (o 2ª problema) dessas pessoas.
Para minimizar o problema do envelhecimento da população, muitos governos (incluindo o português) estão a importar grandes quantidades de pessoas de todo o mundo, sem critério e muitos casos a roçar a escravatura. O país não tem condições para integrar tanta gente, muitos estão a viver em condições desumanas. Voltamos ao mesmo, para resolver o 2ª problema estamos a criar um 4º problema (a emigração), isto é uma matrioskas de problemas.
O problema não está no sistema de pensões, o problema é esta política monetária expansionista, que imprime dinheiro do nada, criando inflação que destroem qualquer poupança que exista.
Nenhum sistema de pensões será viável enquanto existir esta política monetária.
A única solução é separar a política monetária do poder político.