Jerome Powell

Ontem a declaração de Jerome Powell:
«The Rise and Fall of Inflation
Let’s now turn to the questions of why inflation rose, and why it has fallen so significantly even as unemployment has remained low. There is a growing body of research on these questions, and this is a good time for this discussion. It is, of course, too soon to make definitive assessments. This period will be analyzed and debated long after we are gone.
The arrival of the COVID-19 pandemic led quickly to shutdowns in economies around the world. It was a time of radical uncertainty and severe downside risks. As so often happens in times of crisis, Americans adapted and innovated. Governments responded with extraordinary force, especially in the U.S. Congress unanimously passed the CARES Act. At the Fed, we used our powers to an unprecedented extent to stabilize the financial system and help stave off an economic depression.
After a historically deep but brief recession, in mid-2020 the economy began to grow again. As the risks of a severe, extended downturn receded, and as the economy reopened, we faced the risk of replaying the painfully slow recovery that followed the Global Financial Crisis.
Congress delivered substantial additional fiscal support in late 2020 and again in early 2021. Spending recovered strongly in the first half of 2021. The ongoing pandemic shaped the pattern of the recovery. Lingering concerns over COVID weighed on spending on in-person services. But pent-up demand, stimulative policies, pandemic changes in work and leisure practices, and the additional savings associated with constrained services spending all contributed to a historic surge in consumer spending on goods.»

Jerome Powell admite, apesar de subliminarmente, que a impressão de dinheiro foi responsável pela inflação, que depois agravou com a guerra da Ucrânia.
Isto é oposto, tudo o que tinha dito até ao momento, especialmente os políticos, que o responsável da inflação era da guerra. E inúmeros economistas diziam que a impressão de dinheiro não gerava inflação, que a culpa era exclusiva da guerra.

Recordo da inesquecível entrevista de Vitor Constantino, ex-presidente do Banco de Portugal e ex-Vice-presidente do BCE, ao canal de tv, RTP.
«Os grandes pulos na inflação deveram-se a grandes choques internacionais de preços; primeiro o Petróleo, depois a alimentação, o trigo e outros produtos alimentares intermédios… que deram origem ao aumento dos preços.»

O entrevistador repostou:
«Mas não houve uma enorme impressão de moeda pelo BCE por alturas da pandemia?»

Constâncio respondeu:
«A impressão de moeda não é a causa da inflação que se atribuiu durante muito tempo, na chamada visão monetarista das coisas. Veja que, entre 2008 e 2015, 2016 e mesmo 2017, ocorreu impressão de moeda, ou seja, um aumento espectacular do balanço dos Bancos Centrais e não houve inflação durante todos esses anos! Portanto, essa teoria da emissão monetária não tem aqui grande justificação. O ponto aqui é que a inflação começou com choques externos, primeiro na energia, depois na alimentação e, claro, começou a partir de certa altura, mas só este ano, nos preços internos. A política monetária tem de tentar mitigar precisamente isso.»

Não só Constâncio, mas a esmagadora maioria dos economistas admitiam e continuam a dizer que o aumento da base monetária não gera inflação.

Mas a admissão do Powell é muito sublimar, parece que está com medo de admitir. Parece que quer dizer a verdade, mas sabe que não pode dizer, porque tem medo da reação dos políticos. Para os políticos isso é inaceitável, têm que manter a narrativa, a culpa será sempre da guerra e a impressão de dinheiro não gera inflação. “Em nenhuma circunstância, o aumento da base monetária gera inflação”, esta ideia tem de ser doutrinada, espalhada, ser um dogma. Para dar legitimidade e para que os políticos abusem dessa arma contra o povo, sem remorsos. Manter a ilusão keynesiana.

Fix the money, Fix the World!