Nos últimos anos, tornei-me num acérrimo crítico do Euro, sobretudo da política monetária altamente expansionista realizada pelo Banco Central Europeu (BCE). Apesar de ser crítico, eu não desejo que Portugal volte a ter moeda própria.
No seguimento gráfico, é a variação do IPC de Portugal nos últimos 60 anos:

No gráfico inclui os momentos históricos, para uma melhor interpretação dos dados.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é usado para observar tendências de inflação. É calculado com base no preço médio necessário para comprar um conjunto de bens de consumo e serviços num país, comparando com períodos anteriores.
É uma ferramenta utilizada para calcular a perda de poder de compra, mas é uma métrica que é facilmente manipulada em prol dos interesses dos governos.
Análise histórica
No período marcelista, houve uma crescente inflação, devido a fatores, como os elevados custos da guerra e o fim dos acordos de Bretton Woods contribuíram para isso. Terminando com uma inflação superior a 13%.
Da Revolta dos Cravos (1974) até à adesão da CEE (atual União Europeia, UE), nos primeiros anos foram conturbados a nível político, mesmo após conquistar alguma estabilidade, em termos de política monetária foi um descalabro, com inflação entre 12% a 30% ao ano. Foi o pior momento na era moderna.
Com a entrada da CEE, Portugal ainda manteve a independência monetária, mas devido à entrada de muitos milhões de fundos europeus, essências para construir infraestrutura e desenvolver o país. Isto permitiu crescer e modernizar o país, gastando pouco dinheiro próprio, reduzindo a necessidade da expansão monetária e claro a inflação baixou.
Depois com a adesão ao Tratado de Maastricht, em 1991, onde estabeleceu as bases para a criação da União Económica e Monetária, que culminou na criação da moeda única europeia, o Euro. As bases eram bastante restritivas, os políticos portugueses foram obrigados a manter uma inflação baixa. Portugal perdeu a independência monetária em 1999, com a entrada em vigor da nova moeda, foi estabelecida a taxa de conversão entre escudos e euros, tendo o valor de 1 euro sido fixado em 200,482 escudos. A Euro entrou em vigor em 1999, mas o papel-moeda só entrou em circulação em 2002.
Assim, desde a criação até 2020, a inflação foi sempre abaixo de 5% ao ano, tendo um longo período abaixo dos 3%.
A chegada da pandemia, foi um descalabro no BCE, a expansão monetária foi exponencial, resultando numa forte subida no IPC, quase 8% em 2022, algo que não acontecia há 30 anos.
Conclusão
Apesar dos últimos anos, a política monetária do BCE tem sido péssima, mesmo assim continua a ser muito melhor, se esta fosse efetuada em exclusividade por portugueses, não tenho quaisquer dúvidas disso. O passado demonstra isso, se voltarmos a ser independentes monetariamente, será desastroso, vamos virar rapidamente, a Venezuela da Europa.
Até temos boas reservas de ouro, mas mesmo assim não são suficientes, mesmo que se inclua outros ativos para permitir a criação de uma moeda lastreada, ela apenas duraria até à primeira crise. É inevitável, somos um país demasiado socialista.
A solução não é voltar ao escudo, mas sim o BCE deixar de imprimir dinheiro, como se não houvesse amanhã ou então optar por uma moeda total livre, sem intromissão de políticos.
O BCE vai parar de expandir a moeda?
Claro que não, eles estão encurralados, a expansão monetária é a única solução para elevada dívida soberana dos estados. A única certeza que eu tenho, a expansão do BCE, será sempre inferior ao do Banco de Portugal, se este estivesse o botão da impressão à sua disposição. Por volta dos 5% é muito mau, mas voltar para a casa dos 15% seria péssimo, esse seria o nosso destino.
É muito triste ter esta conclusão, isto é demonstrativo da falta de competência dos políticos e governantes portugueses e o povo também tem uma certa culpa. Por serem poucos exigentes em relação à qualidade dos políticos que elege e por acreditar que existem almoços grátis.
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