Como estamos a comemorar os 50 anos do fim da ditadura (1974) e início da democracia, ProData criou várias infográficas muito interessantes:
A infográfica faz a comparação dos números de habitações entre 1970 e 2021. A ideia inicial foi comparar como era Portugal na fase final da Ditadura, com Portugal na atualidade, mas nós podemos fazer uma interpretação diferente, comparar como era no Padrão ouro com o padrão FIAT, 1970 foi o último ano do padrão ouro.
A meu ver, destacam-se dois pontos, o número total de casas duplicou e houve um forte aumento da 2ª habitação.
1970 | 2021 | variação | |||||
Residência habitual | 2 242 838 | 83% | 4 119 767 | 69% | 1 876 929 | 84% | |
Segunda habitação | 81 066 | 3% | 1 134 429 | 19% | 1 053 362 | 1299% | |
Vagas | 378 310 | 14% | 716 481 | 12% | 338 171 | 89% | |
TOTAL: | 2 702 215 | 5 970 677 | 3 268 462 |
No mesmo período de tempo, a população em Portugal aumentou 20%.
- 1970: 8.680.429 habitantes
- 2021: 10.470.707 habitantes
Apesar do número de casas de 1º habitação ter aumentado 84% mas a população apenas aumentou 20%, mesmo assim estamos a viver a maior crise de falta de habitação do último século. Uma das justificativas é que as famílias estão mais pequenas, o número de famílias monoparentais é muito superior, isso faz que sejam necessárias mais casas.
A imigração também foi um factor que ajudou no aumento na procura.
Mas o que foi mais surpreendente, é o aumento de casas de 2ª habitação, aumentou 1300%, de 81 mil para 1 milhão de casas. As pessoas estão a utilizar as casas como uma reserva de valor.
Uma parte são os filhos que herdam as casas, em vez de venderem, preferem ficar com uma segunda habitação, porque preserva melhor o valor. Pelo mesmo motivo, outra parte de proprietários, são pessoas que têm algum capital e preferem investir em casas do que ter o dinheiro parado nos bancos.
O fim do padrão ouro criou este sistema enviesado, porque as pessoas não querem ter dinheiro, preferem investir em algo que preserva melhor o valor, os portugueses preferem comprar casas.
Este dados são de 2021, certamente já estão desatualizados, porque nos dois últimos anos a crise agravou muito mais.