Desinformação

Já não é a 1° nem 2º, que eu falo da distorção nas notícias, o princípio basilar do jornalismo é informar com isenção, mas quando falamos em criptoactivos isso não está a acontecer. Na maioria das vezes tem informações falsas/erradas, noutros casos é enganosa. Quando as notícias tem informações erróneas, a dúvida fica no ar, qual o motivo de estarem erradas? Será apenas ignorância sobre o assunto ou será propositado… 

Se for ignorância é péssimo, é um grave erro jornalístico; mas quando é enganosa é muito pior, nestes casos é notório que o objectivo é manipular a opinião pública, partem num princípio verdadeiro mas a notícia é construída para transmitir uma informação enviesada/errada.

Vamos a um caso concreto, a caso do Jornal de Negócios.

Na capa: “Transações ilícitas com criptomoedas batem recorde”

OK, é verdade

Já no site

Também não estão a mentir, mas também não estão a dizer a verdade, estão apenas a transmitir meia verdade. É curioso que exista uma pequena mudança de métrica entre o título e o subtítulo, ou seja, no título usou valores absolutos e no subtítulo já usou percentuais (sem indicar o valor) e ainda usou anos de referência diferentes, porque o objetivo é transmitir uma mensagem que o crime está a crescer nas criptomoedas. No site e no papel transmite a mensagem de um forte crescimento das transações ilícitas, no subtítulo já diz que é a primeira vez que sobe desde 2019.

Agora vamos à fonte, onde o jornal foi buscar os dados: A Chainalysis é a principal empresa de análises on e off chain, bastante credível.

Vamos nós analisar:

Segundo os dados da Chainalysis é verdade que de 2017 para 2022, cresceu 4 vezes, passou de 5 Billion para 20 Billion mas apenas em valor absoluto. Mas não faz qualquer sentido analisar o valor absoluto, o percentual é o mais correto, porque nesse período houve um crescimento exponencial no ecossistema.

Agora em termos percentuais, utilizando o mesmo critério do jornal, ou seja, utilizando a referência de 2017, isto significa que a atividade ilícita, passou de 0.86% para 0.24%, um decréscimo superior a 70% ou 3.5 vezes.

Agora a pergunta fica no ar, porque razão a capa do jornal foi com esta informação?

Destes gráficos podemos tirar outras conclusões:

99.76% das transações em 2022 foram lícitas.

E já agora, deixo a ideia, seria interessante o jornalista fazer a comparação como o Euro ou Dólar, para informar a população. 

Qual a percentagem de atividade ilícitas nestas moedas?

Politiquices

É curioso, ouvirmos ano após ano, os políticos a transmitir a ideias que as criptomoedas só são utilizadas para actividades criminosas e para financiar o terrorismo, mas na realidade como os dados comprovam não é verdade. É que no gráfico nem é percetivel, o valor do financiamento do terrorismo é tão baixo que não dá para ver.

Para finalizar deixo outro gráfico, da exchange Kraken, para aqueles que acham que os criptoactivos é um mundo sem lei, afinal a lei já está a ser aplicada.