Nos últimos tempos, os covenants têm sido apontado como a solução para a escalabilidade do Bitcoin. De uma simplificada, os covenants (convênios) são smartcontracts que colocam certas restrições futuras na utilização daquelas moedas, ou seja, quem recebe não pode utilizar para qualquer fim, terá algumas restrições de uso, pré determinadas.
Soluções
A comunidade está dividida entre incluir ou não covenants no Bitcoin e depois entre os que querem adicionar covenants, estão entre si, divididos entre Op_CTV e o Op_CAT, mas existe ainda outras. O Peter Todd fez um excelente estudo, e chegou a conclusão que o Op_CTV seria a melhor solução.
Eu não tenho conhecimento técnico para determinar qual a melhor solução, mas eu prefiro sempre o modelo mais conservador, neste caso parece ser o Op_CTV. No meu ponto de vista é preferível ser convervador, dar um passo de cada vez, em vez de um enorme salto. Prefiro correr o risco, daqui a 2 anos chegar à conclusão que o Op_CTV não foi suficiente, do que ter que recuar devido à atualização ter sido demasiado arrojada e ter criado vários problemas. No Bitcoin temos que ser conservadores na alteração do código.
Vaults
A grande maioria só fala dos covenants como uma solução para a escalabilidade, mas para mim o mais importante é que os covenants vão permitir construir soluções wallets mais seguras. Para mim é primordial, o Bitcoin necessita de melhorar a custódia e criar melhores soluções para a sucessão, são os principais entraves à adoção e à auto-custódia.
Com os covenants é possível construir os vaults (cofres), que vai permitir criar sistemas mais seguros, sobretudo para as Cold Storage, para pessoas/empresas com muitos bitcoins.
Vamos a um exemplo prático: Hoje em dia, se um hacker tiver acesso à privkey, pode assinar a transação, enviar as moedas para um seu endereço, depois de assinado e enviado é impossível impedir o roubo. Com os covenants, o hacker já não conseguirá, mesmo que tenha acesso à privkey, poderá fazer a transação mas terá que colocar 2 restrições:
- Terá obrigatoriamente de colocar um timelock para o seu endereço, ou seja, só terá acesso ao bitcoin passado um tempo previamente determinado, talvez 24 horas.
- Obrigatoriamente, um segundo endereço também terá acesso às mesmas moedas, mas não terá timelock. Este segundo está determinado pelos covenants, é o chamado o endereço de recuperação.
Assim basta a exchange terem um programa (WatchTower) a monitorizar a blockchain. Se o hacker enviar a transação, a exchange terá 24 horas, para analisar aquela transação. Se for uma tentativa de roubo, a exchange utilizará o endereço de recuperação para reaver as moedas, ou seja, mesmo que a segurança esteja comprometida, com a perda da privkey, a exchange tem um meio de segurança extra, que permite recuperar as moedas. Mas não necessita de ser um hacker, pode ser um funcionário da empresa a cometer o crime.
Segurança Mundial
Os vaults são essenciais para Cold Storage, na minha opinião é algo que já deveria estar implementado no código. O Bitcoin está a atingir uma dimensão tal, toda a segurança é pouca. A segurança vai muito mais além do que um pequeno hack a uma pequena empresa ou exchange, pode estar em causa a segurança nacional ou mundial.
O que aconteceria ao mundo, se os iranianos ou os norte-coreanos roubassem os Bitcoins da Coinbase, são mais de 1 milhão e entre eles, estão 200 mil do governo dos EUA. No mínimo dava um conflito diplomático, mas daqui a 5 ou 10 anos, com a valorização e já com o bitcoin como uma reserva nos bancos centrais, será certamente uma guerra entre os dois países.
Toda a segurança é pouca. Apesar de muitos de nós termos ideais libertários, anti-estado, não podemos esquecer que a adoção acarreta consequências e responsabilidades. Já não somos apenas uma moedinha mágica da internet criada e utilizada por geeks, Bitcoin está por todo o lado, até nos bancos centrais.