Os governos estão a aproveitar o vazio legal dos criptoativos e com a desculpa para proteger o consumidor, estão criar leis que restringem a sua posse e o seu uso.
Este controle regulatório tem como único objetivo, o limitar a liberdade individual e a liberdade financeira das populações.
A criação da CBDC e o respetivo fim do papel-moeda, tem como objetivo o controle e manipulação das populações. Uma pessoa sem liberdade financeira, não conseguirá ter total liberdade de pensamento.
E o bitcoin é uma afronta a essa obsessão pelo controle que os estados querem impor, ou seja, é a única esperança de liberdade.
É através da criação de regulamentação, os estados pretendem limitar a utilização do bitcoin. O bitcoin permite que as pessoas sejam soberanas, indo contra os intuitos dos estados.
As regulamentações pretendem tornar o bitcoin num ativo financeiro, não querem que o bitcoin seja uma moeda, limitar a utilização e limitar sobretudo a soberania individual. Os estados não querem perder poder, não querem ter concorrência na moeda.
Assim, para combater a soberania, os estados pretendem que as pessoas utilizem apenas carteira custodiais de empresas que estejam sob sua alçada juridicamente.
Na Europa, o primeiro esboço do MiCA tinha esse objetivo, só era permitido utilizar carteiras custodiais legais (necessitam obter licença para realizar transações). Esta versão do MiCA, acabou por não avançar, mas é certo que os estados vão voltar a tentar.
Ao querer obrigar, apenas a utilização carteiras custodiais, os estados pretendem criar uma espécie de rede privada, onde tudo será controlado e monitorado. Nessa rede será controlada pelas grandes instituições financeiras, como um cartel sob as regras dos governos. As pessoas são apenas clientes dessas instituições financeiras, não terão btc diretamente, apenas um IOU, porque os btcs estão na rede pública (blockchain).
Rede pública vs Rede privada
Quando falo nas duas redes, não estou a falar de hardfork, a blockchain uma única, a rede privada, será uma espécie de Swift, onde as instituições comunicam, fazem as transações entre si. As pessoas comuns farão as transações de btc, nunca terão acesso direto à layer 1, serão apenas IOU, sintéticos.
Toda a entrada de novos btc na rede privada será escrutinada, a comprovação da origem de fundos, o KYC e AML. A rede privada será igual ao atual sistema legacy, não existe imutabilidade de transações, possibilidade de confisco, ausência de privacidade, tudo controlado por por um cartel gerido por meia duzia de pessoas.
Como a regulamentação no início é mais suave, as pessoas facilitam, menosprezada a segurança e a soberania, começam a utilizar serviços custodiais, será como a fábula do sapo dentro do tacho. Quando uma parte significativa dos btc estiverem em carteiras custodiais, ETF e outros serviços sob jurisdição dos estados, os estados vão endurecer as regulamentações e vão tentar sequestrar o bitcoin.
Ao endurecer as suas políticas anti-liberdade, vão impossibilitar os utilizadores comuns da rede privada de fazer transações com a rede pública, os btc nunca mais saem da rede privada, uma espécie de captura/sequestro. Só será possível fazer transações entre clientes de rede privada. Só as instituições financeiras credenciadas e com a devida autorização poderão fazer transações na layer 1.
Os estados poderão monitorizar a utilização do btc, evitando que as pessoas usem como moeda.
A rede pública será transformada numa espécie de mercado negro, é privisivel que o preço dos btcs seja superior que na rede privada, como acontece em muitos outros produtos proibidos.
Imaginemos o ridículo que seria termos o euro, a moeda comum em 20 países e só os cidadãos do mesmo país pudessem trocar. Um português não poderia trocar com espanhol, só poderia trocar com outro português.
Numa fase ainda mais avançada na repressão das liberdades os países poderão avançar para o confisco generalizado do btc ou criar reserva fracionária. Como os btc estão sob custódia de instituições financeiras, as pessoas não podem fazer nada para o evitar, por isso é tão importante a soberania.
Coordenação Global
A ideia de rede privada, só será eficaz se a maioria dos países concordarem e/ou possuírem parte significativa do supply de btc. Se for apenas um ou dois países a pretender, haveria muitos pontos de fuga, afetaria possivelmente um pouco a população desse respectivo país, mas blockchain o impacto seria mínimo.
Assim, para ser mais eficaz, terá que existir uma coordenação global, um consenso mundial, eles sabem disso:
“Tem que haver regulamentação. Isso tem que ser aplicado e acordado … em nível global, porque se houver uma fuga, essa fuga será usada.” Lagarde
“Fórum Econômico Mundial recomenda regulação global das criptomoedas” in livecoins
“Países do G7 vão colaborar para criar regulação comum de criptomoedas” in exame.com
“BCE pede regulamentação mundial das criptomoedas” in em.com.br
“G20 traça roteiro para regulamentação global de criptomoedas” in criptofacil
Maior consenso que este, era impossível.
Será possível existir uma coordenação Global efetiva?
Possível é, mas atualmente as circunstâncias alteraram-se, estamos a passar por um período complicado, onde será mais complexo existir um consenso diplomático.
A guerra da Ucrânia mudou o paradigma global, o bloqueio das reservas de dólares da Rússia por parte dos EUA, foi o ponto de viragem nas relações internacionais. Outros países olham para esta situação e pensam, se hoje foi a Rússia a ser impedida de utilizar as suas reservas, amanhã poderei ser nós! Existe uma profunda desconfiança entre os países.
A guerra também acentuou a polarização do mundo, está a transformar-se em dois blocos, o lado ocidental e um oriental. Uma nova guerra fria.
Parte dos países do bloco oriental pertence aos BRICS, que está a transformar-se num grupo de países anti-dólar, que pretendem desdolarizar a economia mundial.
Assim, com o mundo dividido, a captura generalizada é menos provável, mas poderá acontecer, porque nenhum país quer concorrência às suas moedas FIAT.
“O inimigo do meu inimigo, meu amigo é.”
Apesar de ser pouco provável uma coordenação global, mas se um grupo de países conseguir ter sob sua jurisdição parte significativa dos btc, ou o próprio cartel poderá criar um risco sistémico no bitcoin, pode provocar uma captura. Por isso os EFTs tem um lado mau, centralizam a posse dos btc em poucas mãos e essas estão sujeitas aos governos.
Para segurança da rede e de todos, temos que descentralizar a posse de btc, evitar a centralização em poucas e grandes instituições financeiras.
Possivelmente, neste momento alguns países já estarão a fazer reservas em bitcoin, para prevenir o futuro. Eu acredito que no futuro o bitcoin vai roubar uma cota de mercado ao dólar no comércio internacional. Os ocidentais necessitam das commodities do BRICS, mas estes não vão querer dólares, o bitcoin é perfeito para isto, como uma moeda neutra.
A necessidade dos governos, de ter bitcoin para o comércio internacional tem lado negro, especialmente para quem não faz auto-custódia, numa fase de uma grande crise de divisas, os políticos não vão hesitar e vão confiscar os bitcoins, pelo “interesse nacional”.
Resistência
Se a maioria das pessoas utilizam o bitcoin apenas como reserva de valor e serviços de custódia, ETFs e não fazem transações, para estes as restrições não os afetam. Assim será mais fácil, os estados implementarem uma rede privada.
Para evitar e dificultar a captura, as pessoas têm que utilizar o btc no seu dia-a-dia, através da Lightning Network, blockchains, Nostr e outros serviços fora do legacy, que necessitam de usar a rede pública.
Se as pessoas utilizam serviços públicos e os estados pretenderem criar lei que limita a liberdade, vai criar alvoroço social, vão protestar, haverá muita pressão, vai criar muitos anticorpos entre os políticos. Por isso, quando maior for a utilização em blockchains, layers 2 e em sistema de pagamentos, torna a captura mais difícil.
O soberania é essencial, quantos mais bitcoin em auto-custódia, menor a chance de um ataque de um estado.
Not your Keys, Not your Money!